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Um breve resumo de como a escrita me salvou de mim

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Escrita & Terapia

Dizem que devemos nos tornar quem somos.


Que o segredo da felicidade é abraçar quem você é.


É conhecer seus limites, seus sonhos, suas manias, cada pinta do seu corpo, cada movimento involuntário nas suas sobrancelhas.


Dizem que é isso. Que é simples assim. 

Mas será que é isso mesmo? 

Não sei. O engraçado da vida é que viver é uma experiência subjetiva.

Tudo depende. Depende de quem estamos falando. Talvez para você, seja fácil. Talvez para a sua vizinha seja difícil. Talvez você nem queira se amar. Vai saber.

Na verdade, o amor próprio pra mim parece mais uma luta interminável de mim comigo mesma. Uma batalha que só tive coragem de travar quando não me restava mais alternativa.

Quando acordei no hospital em 2012 e recebi a notícia de que a minha perna tinha sido amputada abaixo do joelho e que minha vida nunca mais seria a mesma, não teve terapia que me fizesse sentir melhor comigo mesma do que chorar toda a minha frustração com Deus e o mundo num blog cor de vinho que ninguém lia.


A maioria daqueles textos já perdeu o sentido.


Quando leio, pareço nem reconhcer aquela menina.

Descobri, um pouco depois, que ter uma deficiência física não deveria ser sinônimo de fraqueza.

 

Muito pelo contrário: Ser uma pessoa com deficiência num mundo feito para pessoas sem deficiência deveria ser considerado um símbolo de resiliência, de força, de amor ao viver.

Nem sempre são rosas... Tem dias que preferia ir passar férias e me deixar sob o cuidado de alguém. Mas não dá, né? Não dá pra dar um tempo da gente. O melhor a fazer é se apaixonar por si.

Quando comecei a me ler, me apaixonei por mim. Através da escrita, passei a existir. Por que escrever é eternizar pensamentos que não seriam nada além de acúmulo mental. Por que, quando escrevo, sou livre.

Esse instagram nasceu dessa ânsia que tenho em passar adiante tudo que a vida me ensinou sobre resiliência, sobre permanecer, sobre continuar. E, obviamente, sobre me permitir escrever.

​

A escrita me ajudou a me encontrar. Tem gente que se encontra costurando. Outros, dirigindo vans escolares.


Tem gente que se encontra depois que perde tudo. Outros, se encontram sem precisar de nada.


Quando a calmaria chegou e o destino começou a sorrir mais demoradinho na minha vida, uma pergunta me apareceu:


E se eu pudesse contar para as pessoas o que aconteceu aqui dentro de mim esse tempo todo?

 

E se eu pudesse compartilhar essa coisa louca que é sobreviver a um acidente e descobrir que não estava viva até achar que não poderia viver mais?


E se eu pudesse contar que a escrita me ajudou?


O que aconteceria?

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